14.5.06


Continuando a pensar em viagens e no meu gosto pela vivência de viajante, voltei a um livro de que gosto particularmente Não Lugares: Introdução a uma antroplogia da sobremodernidade de Marc Augé.
"Enquanto prática dos lugares e não do lugar, o espaço procede, efectivamente, de uma dupla deslocação: do viajante, bem entendido, mas também, paralelamente, das paisagens de que ele nunca consegue captar senão algumas vistas parciais, 'instântaneos', adicionados, sem qualquer ordem, na memória, e literalmente recompostos na narrativa que os descreve ou no encadeamento dos diapositivos cujo comentário impõe aos que o rodeiam. A viagem (...) constrói uma relação fictícia entre o olhar e a paisagem (...). O espaço do viajante seria, assim, o arquétipo do não-lugar." (pg. 92)
Neste excerto surge um conceito - o de 'não-lugar' - com o qual tenho uma relação ambígua que ainda não entendi. Atrai-me o conceito embora, em geral, me irrite a necessidade de falar de alguma coisa em oposição a outra. Por outro lado, atraiem-me o tipo de espaços que o autor classifica de não-lugares embora também os viva com algum desconforto. Aí as pessoas são anónimas, parecem não ter história, estão de passagem sem querer desenvolver vínculos, laços,... são, aparentemente, peças não-sociais. Mas são, também, aparentemente ou virtualmente tão livres, quase sem sentirem o tempo!

E o que é que ligará o texto com a imagem???? Nada, a não ser apetecer-me ligá-los!

Será que tem de existir um sentido para tudo???

1 comentário:

adc disse...

Concordo plenamente que devemos relacionar tudo o que nos apeteça. A ideia de 'não-lugar' pode perfeitamente ligar-se à ideia de 'sem-sentido'. Temos o direito de fazer a nossa birra e ligar a sobremodernidade a qualquer lâmpada que invoca um espírito cheio de ideias... conceitos de 'sem-sentido', 'não-lugar', 'sem-energia', 'não-vontade', 'sem-palavras'... podemos sempre escrever para provocar a ausência de palavras nos outros.
Gosto dessa forma de ver o Mundo!