17.4.06

Hoje voltei a ter a sensação estranha mas boa de 'saltar' para outro tempo, outro espaço sem sair do lugar onde estou e tudo por acção de sensações quase imperceptíveis...
Um dia foi com o cheiro de um dado perfume. Saltei para o tempo de miúda (há uns bons 40 anos) em que visitava a minha avó materna na serra de Montemuro, numa aldeia chamada Laboncinho que vem em muito poucos mapas e onde vi neve pela primeira vez na minha vida... Sim o perfume fez-me sentir o cheiro da massa do pão que a minha avó amassava (e cozia) em casa, num bancada junto à janela com vista para o sopé da serra e, por vezes, para umas nuvens fofas como algodão...
E hoje???
Hoje foi ao jantar uma coisa ligeira num daqueles sítios rápidos que dizem preparar comida saudável. A sobremesa era iogurte com pedaços de manga e mel... a primeira colherada nada de mais, agradável mas um pouco amargo. O mel estava lá mais abaixo, escondido e resolvi ir à procura dele. Essa nova colherada fez a diferença,... no sabor e no espaço de sensações. Num segundo eu já não estava ali, numa mesa de linhas direitas de um qualquer centro comercial... mas antes nas escadas em frente à Cantina da Faculdade de Ciências (a velha a que ardeu, junto ao Jardim Botânico), com o tabuleiro do almoço em cima de um caixote de fruta que fazia de mesa (o espaço da Associação de alunos ao lado da cantina estava fechado por isso eram mais as pessoas que comiam na rua que aquelas que tinham lugar no interior da cantina). E o almoço era o 'crudívoro' (nunca me esqueci do nome) que consistia em iogurte, mel, frutos secos, tostas, fruta, enfim só coisas boas, que eram uma boa alternativa às outras coisas bem mais maléficas...

Estranho não é??? Mas é bom, eu gosto destes saltos entre realidades paralelas em que vivemos...
Há quem lhes chame memórias mas eu não acredito, gosto mais de pensar em várias vidas, várias identidades e várias tonalidades que nos ajudam a passar de umas para as outras e que espero me permitam continuar a viver momentos que parecem ter ficado noutros tempos... a que eu posso voltar num segundo...

3 comentários:

jfm disse...

Somos de facto nós que construímos a sensação na sua globalidade e isso mostra como a mente é capaz de actividade (autónoma e não 'pela nossa vontade') imensamente rica. Mas para mim a questão central é o tempo - a ideia e a percepção / construção do tempo. Porque temos a sensação de recordar coisas do passado e não do futuro? E como sabemos que estamos a falar do passado e não do futuro? Afinal, o que é o passado e o futuro?

mada disse...

Acho curioso as tuas certezas mesmo quando aparentam ser dúvidas...

deo disse...

sou de laboncinho mas estou em lx a 2 anos tenho saudades daquele ar puro...tenho que a felicitar por lembrar o que por muitos esta esquecido, ate mesmo por aqueles que la estão!!bjs